A costura é uma arte que une gerações, estimula a criatividade e promove bem-estar. Quando essa atividade é compartilhada em grupo, ela se transforma também em uma poderosa ferramenta de conexão, inclusão e transformação social. Criar um grupo de costura na sua comunidade pode ser o início de algo muito maior do que você imagina: novas amizades, fortalecimento de vínculos, aprendizado coletivo e até geração de renda.
Se você ama costurar e sente vontade de levar isso adiante junto com outras pessoas, este artigo vai te guiar passo a passo para começar um grupo de costura na sua comunidade, mesmo com poucos recursos.
Por que criar um grupo de costura?
Os benefícios de formar um grupo de costura vão muito além do que se vê à primeira vista:
- Compartilhamento de conhecimento: cada pessoa traz uma técnica ou experiência.
- Apoio mútuo: o grupo se torna um espaço acolhedor e de fortalecimento.
- Desenvolvimento de habilidades: desde costura básica até empreendedorismo.
- Promoção de saúde emocional: costurar em grupo é terapêutico.
- Fortalecimento da comunidade: une vizinhos, gera propósito e valor social.
- Oportunidade de geração de renda: projetos podem evoluir para vendas ou oficinas pagas.
Além disso, um grupo de costura pode ser um espaço para trocas afetivas, histórias de vida e empoderamento pessoal — especialmente entre mulheres, pessoas idosas e quem busca uma nova atividade com propósito.
Passo 1: Defina o propósito do grupo
Antes de convidar outras pessoas, pense: qual será o foco do seu grupo? Isso vai ajudar a atrair participantes com objetivos semelhantes.
Alguns exemplos de propósito:
- Grupo de costura para iniciantes
- Grupo para reaproveitamento de materiais e sustentabilidade
- Grupo voltado para terapia ocupacional ou idosos
- Grupo de produção artesanal para feiras e eventos
- Grupo voltado para doações (roupas, enxovais, bonecas, etc.)
- Grupo para ensinar e aprender técnicas variadas
Você pode começar com uma ideia mais aberta e ir adaptando conforme o grupo cresce. O importante é que haja acolhimento, escuta e flexibilidade.
Passo 2: Encontre um espaço para os encontros
Não é necessário um lugar sofisticado — o essencial é que o ambiente seja acolhedor, seguro e tenha estrutura básica.
Opções de espaço:
- Sala na sua própria casa ou na casa de algum participante
- Salão comunitário ou igreja do bairro
- Centro cultural, escola ou biblioteca pública
- Associação de moradores
- Unidade de saúde ou centro de convivência (muitos cedem espaço gratuitamente)
Verifique se o local tem mesas, cadeiras, tomadas e boa iluminação. Se não tiver tudo de início, pense em soluções simples, como lanternas, extensões e mesas dobráveis.
Passo 3: Reúna materiais básicos
Você não precisa ter um ateliê completo para começar. Basta contar com alguns materiais básicos de costura:
- Linhas e agulhas
- Tesouras
- Retalhos ou tecidos reaproveitados
- Fitas métricas
- Alfinetes e botões
- Máquina de costura (opcional, pode ser compartilhada)
Dica: comece pedindo doações de amigos, familiares, comércios locais ou até fazendo campanhas em redes sociais. Muitas pessoas têm materiais em casa e adoram ajudar iniciativas comunitárias.
Passo 4: Convide as pessoas
Agora é hora de divulgar a ideia e atrair participantes!
Como convidar:
- Converse com vizinhos e amigos pessoalmente
- Cole cartazes em padarias, mercados, igrejas e postos de saúde
- Use grupos de WhatsApp da vizinhança ou redes sociais
- Peça para escolas ou centros de saúde indicarem a ideia para famílias e idosos
Dica importante: deixe claro que todos são bem-vindos, mesmo quem nunca costurou. O grupo é espaço de aprendizado e não precisa exigir experiência.
Passo 5: Organize o primeiro encontro
O primeiro encontro é o momento de acolher, escutar e apresentar a proposta. Não precisa ter uma aula ou projeto logo de início. Algumas dicas para esse dia:
- Faça uma roda de apresentação (nome, motivo pelo qual veio, se já costura ou não)
- Explique o objetivo do grupo de forma leve
- Mostre os materiais disponíveis
- Proponha um primeiro projeto simples (como fazer um sachê, fuxico ou pano de prato)
- Anote ideias que surgirem
- Combine a frequência dos encontros (semanal, quinzenal ou mensal)
Lembre-se: o mais importante é criar um ambiente seguro e acolhedor. A técnica vem com o tempo.
Passo 6: Mantenha o grupo ativo e motivado
Para que o grupo continue se fortalecendo ao longo do tempo, é essencial manter a motivação viva.
Algumas sugestões:
- Estabeleça temas para os encontros (costura de utilidades, decoração, roupas, datas comemorativas, etc.)
- Faça trocas de tecidos ou materiais entre os participantes
- Crie um grupo no WhatsApp para compartilhar ideias e combinar os encontros
- Convide pessoas de fora para dar pequenas oficinas voluntárias
- Faça encontros com lanchinho compartilhado, fortalecendo o vínculo
- Crie um caderno de registro com fotos dos projetos e nomes dos participantes
- Proponha desafios divertidos como “costure com apenas um retalho” ou “transforme uma peça antiga”
Aos poucos, o grupo ganha vida própria, e os laços criados vão além da costura.
Passo 7: Expanda o alcance do grupo
Com o grupo funcionando bem, é possível dar novos passos e expandir o impacto da iniciativa.
Ideias para ampliar:
- Participar de feiras de artesanato da cidade ou do bairro
- Organizar uma exposição das peças produzidas
- Promover uma campanha de doação (roupas, mantas, enxovais, etc.)
- Criar um projeto social, ensinando costura para jovens ou mães solo
- Buscar parcerias com instituições (escolas, ONGs, empresas locais)
Quando um grupo de costura se fortalece, ele se transforma em uma ferramenta poderosa de inclusão, renda, autoestima e transformação social.
Dicas extras para um grupo de costura acolhedor
- Tenha paciência com quem está aprendendo — cada um tem seu ritmo.
- Valorize o esforço de todos, mesmo quando a peça não sai perfeita.
- Escute sugestões e esteja aberta a adaptar o formato do grupo.
- Estimule a colaboração em vez da comparação.
- Lembre que costurar em grupo é mais sobre estar junto do que sobre acertar tudo.
Depoimentos reais: o poder dos grupos de costura
Dona Cida, 72 anos, criou um grupo de costura em sua vila. Hoje, 12 mulheres se reúnem toda semana para costurar panos de prato e bonecas para doação. “Aqui a gente se ajuda. Eu ensinei o que sabia, e hoje aprendo com elas. É uma terapia. A gente costura e ri junto.”
Marlene, 38 anos, começou um grupo com mães do bairro que estavam desempregadas. Em três meses, começaram a vender ecobags e necessaires em feiras. “O grupo me tirou da tristeza e me fez voltar a acreditar em mim.”
Essas histórias mostram que com boa vontade e carinho, uma agulha pode costurar mais do que tecido — pode costurar histórias, amizades e oportunidades.
Um grupo de costura é mais do que um encontro de costureiras. É um espaço de troca, de afeto, de reconstrução.
É um lugar onde o silêncio é quebrado pelo som das máquinas e das conversas, onde cada ponto une não só tecidos, mas também pessoas.
Se você tem o desejo de começar algo assim na sua comunidade, vá em frente. Comece pequeno, com o que tem, e veja o quanto isso pode crescer — e transformar.